Desde a Idade do Bronze, as ilhas maltesas têm sido um enclave estratégico cujo legado militar, visível nas suas fortalezas e sítios arqueológicos, faz deste um destino de referência para o turismo histórico e de guerra
Estrategicamente localizadas no coração do Mediterrâneo, as ilhas maltesas têm sido, ao longo da história, um ponto-chave para o comércio e a para expansão militar e colonial de diferentes civilizações. Com uma pequena superfície de apenas 316 km², situada entre a Sicília – 93 km a norte – e a costa da Líbia – 288 km a sul -, Malta tem sido uma fortaleza defensiva desde a Idade do Bronze. Estruturas megalíticas, como as de Borg in-Nadur, testemunham a importância defensiva e cultural destas ilhas, que acabaram por se tornar um enclave cobiçado pela sua posição entre a Europa e a África.
Malta foi também palco de intensas mudanças e conflitos durante a Idade Média. Após as Vésperas Sicilianas em 1282, o controlo passou do reino angevino para o reino aragonês, dando início a um período de forte influência siciliana e à consolidação de cidades como Mdina, que passou a ser designada por “Città Notabile”. No entanto, a ilha também sofreu constantes ataques de piratas e potências inimigas, o que levou à construção de defesas e fortificações fundamentais.
Em 1530, a chegada dos Cavaleiros da Ordem de San Juan transformou Malta para sempre. Expulsos de Rodes, estes guerreiros cristãos estabeleceram nas ilhas uma poderosa fortaleza militar que travou a expansão otomana e consolidou Malta como uma fortaleza indispensável na geopolítica mediterrânica.
Esta rica história de resistência e de estratégia militar faz de Malta um destino inigualável para os entusiastas da história e do turismo de guerra. Algumas das fortalezas e edifícios mais emblemáticos que refletem este legado ainda hoje podem ser explorados no arquipélago.
Borg in-Nadur, a origem milenar das defesas maltesas
Este povoado megalítico, datado da Idade do Bronze, é notável pelas suas impressionantes muralhas ciclópicas construídas com grandes blocos de pedra sem argamassa, refletindo técnicas de construção avançadas para a época. Considerado um dos exemplos mais antigos de fortificação em Malta, Borg in-Nadur oferece uma janela única para o passado remoto do arquipélago, proporcionando uma visão de como as comunidades primitivas defendiam o seu território num cenário mediterrânico estratégico.
Forte de Santo Ângelo: a joia defensiva que protegeu Malta durante séculos
Situado no Grande Porto de Valeta, o Forte de Santo Ângelo tem sido um bastião essencial na defesa de Malta desde a Idade Média até à Segunda Guerra Mundial. A sua localização estratégica permitiu-lhe resistir a numerosos cercos, incluindo o famoso Grande Cerco de 1565, quando os Cavaleiros da Ordem de São João defenderam a ilha do Império Otomano. Ao longo dos séculos, o forte adaptou-se às novas técnicas militares, tornando-se um símbolo de resistência e poder. Atualmente, o Forte de Santo Ângelo alberga um museu que oferece aos visitantes uma imersão única na história militar maltesa.
Museu Marítimo de Malta, História Naval e Poder Estratégico
Situado na cidade histórica de Birgu, o Museu Marítimo de Malta alberga uma extensa e valiosa coleção de artefactos navais, modelos de navios, armas e documentos históricos. Estas peças ilustram o papel crucial que Malta desempenhou como potência marítima e base estratégica para a Ordem de São João, bem como para outras forças navais ao longo dos séculos. O museu permite aos visitantes compreender a importância do mar na defesa e no comércio do arquipélago, mostrando como a sua localização no coração do Mediterrâneo foi vital para a sua história militar e comercial.
Museu Nacional de Arqueologia, uma viagem ao passado antigo de Malta
Situado em Valeta, o Museu Nacional de Arqueologia reúne uma valiosa coleção de artefactos da pré-história à época romana. Entre as suas exposições encontram-se achados de sítios megalíticos, bem como vestígios relacionados com a atividade militar, que fornecem um contexto completo para a evolução histórica e cultural de Malta. Este museu é essencial para compreender como se formou o rico património da ilha e a sua importância estratégica ao longo dos séculos.
Tas-Silġ: Vestígios de civilizações que forjaram a defesa de Malta
Situado na ilha de Gozo, Tas-Silġ é um complexo arqueológico excecional que reúne vestígios de várias culturas, desde a pré-história até à época romana e bizantina. O sítio é notável tanto pela sua função religiosa como estratégica, reflectindo a influência de múltiplas civilizações que contribuíram para a configuração defensiva e militar do arquipélago. As estruturas e os artefactos aqui encontrados são prova da evolução das técnicas de construção e da importância de Gozo como ponto-chave na rede de defesa mediterrânica de Malta.
Rabat: um testemunho da história romana e cristã em Malta
Rabat é um centro histórico essencial para compreender a evolução cultural e religiosa de Malta. A Domus Romana exibe mosaicos impressionantes e os restos de uma villa romana, enquanto as Catacumbas de São Paulo oferecem um vislumbre das primeiras comunidades cristãs e das suas práticas funerárias. Além disso, a Gruta de São Paulo, um local de tradição religiosa, marca a influência do cristianismo na ilha. Estes locais refletem como as transformações culturais tiveram também um impacto significativo nas defesas e na organização territorial da região.
Mdina: a fortaleza medieval que protegia a antiga capital
Conhecida como a “Cidade do Silêncio”, Mdina conserva ainda as suas imponentes muralhas e baluartes medievais que protegeram a cidade durante séculos. Estas fortificações testemunham a importância militar e administrativa de Mdina na Idade Média, atuando como um baluarte fundamental na defesa do arquipélago. As suas robustas muralhas e torres defensivas não só protegiam os seus habitantes, como também refletiam o poder e a estrutura social da época.
Malta, o segredo mais bem guardado do Mediterrâneo
Com 7.000 anos de história e um dos melhores climas da Europa a apenas duas horas de voo, um destino cinematográfico espera por si!
As ilhas maltesas – Malta, Gozo e Comino – oferecem grandes atrações, desde sítios arqueológicos, declarados Património Mundial pela UNESCO, a inúmeros recantos que foram escolhidos para filmes como Tróia, Gladiador, Munique, O Conde de Monte Cristo, Vicky a Viking, Ágora ou a série Guerra dos Tronos, entre outros.
