Banco do Nordeste Cultural Mossoró baixa de mala e cuia em Mossoró

A programação é extensa, com apresentação de grupos teatrais do Rio Grande do Norte, 

Paraíba e Pernambuco de amanhã até o sábado, em diversos pontos da cidade   

– Semana correndo e o Banco do Nordeste Cultural Mossoró correndo junto para levar programação de qualidade ao público norte-rio-grandense. Além das ações na cidade sede, com destaque para o Festival Antiplano (com rodas de capoeira, música e teatro no fim de semana), de amanhã até o sábado a agenda se concentra na cidade de Caicó. Tem grupos de teatro locais, de outras cidades potiguares e de estados próximos para contentamento do público seridoense.

 
Quem abre a programação, nesta quarta-feira, 10, é a Companhia Cultural Ciranduís, com o espetáculo “Gargalhada de Palhaço”. O grupo vem da pequena Janduís, na região do Médio Oeste potiguar, com um roteiro cênico repleto de cantigas populares e exercícios de circo. Em cena estão os palhaços Espeto e Bocão, que conduzem o espetáculo com brincadeiras, sátiras e muita interação com o público. É teatro de rua na veia.

 
Na quinta-feira, a Associação Cultural Trapiá, no bairro Soledade, recebe a oficina “Exercícios para uma cena dialética”, ministrada pelo Coletivo de Teatro Alfenim, de João Pessoa. A atividade utiliza improvisações inspiradas na obra de Bertolt Brecht, que buscava desenvolver a consciência crítica do espectador através da exposição das contradições da realidade social e histórica, para a prática dramatúrgica. Voltada para atores, diretores, dramaturgos e estudantes, a oficina também promove reflexões críticas sobre o papel do teatro brechtiano na formação artística.


À noite, na Secretaria de Cultura de Caicó, O Pessoal do Tarará apresenta a peça “O balde, a flanela e a garrafa”. O trabalho é a continuidade de uma pesquisa que perpassou três montagens do grupo (“O pulo do gato”, “100 palavras” e “Alarido”).  Nele, um ator utiliza apenas os três elementos do título para mergulhar no universo da multiplicação do mínimo. Sem a linguagem verbal, o artista se arrisca numa frase que é clichê até no teatro: “menos é mais”.


Bem menos intimista, o espetáculo “Aparecida” é uma montagem da Cia Escarcéu de Teatro que transita entre canções de ninar e referências aos orixás, trazendo reflexões profundas sobre as questões étnico-raciais. A protagonista, Aparecida, vive em constante exercício de reinvenção, buscando romper com um sistema opressor e trazendo à tona uma jornada de histórias que entrelaçam memórias obscurecidas pelo patriarcado. O retrato da luta das mulheres negras por autoconhecimento, resistência e libertação do grupo mossoroense será apresentado no auditório do Sebrae-RN de Caicó, às 17 da sexta-feira.

 
Às 20h, na Secretaria de Cultura de Caicó, será a vez da turma da casa, a Trapiá Cia Teatral. “1877” é o sexto trabalho do grupo e leva ao palco as privações vividas pela população sertaneja no que ficou conhecida como a “Grande Seca”. A falta de políticas públicas e a ganância dos coronéis agravaram a situação calamitosa. Os retirantes que conseguiam chegar a algum lugar menos destruído pela miséria, continuavam na penúria, abandonados à própria sorte. Agricultores, cangaceiros, romeiros, beatos e toda a sorte de miseráveis formam a procissão de retirantes. Uma tragédia humana para lembrar e não deixar que se repita.

  
O mesmo espaço será palco da última apresentação da semana em terras seridoenses. Sábado, também às 20h, o grupo pernambucano Cia Biruta de Teatro se apresenta pela primeira vez na cidade. “Notícias do dilúvio, um canto a Canudos” tem um forte apelo sertanejo e resulta de cinco anos de pesquisa coletiva sobre a “navegância” do povo que fundou o município baiano até os nossos tempos.

 
As personagens Das Dores e dos Anjos reúnem as vozes-mulheres do Belo Monte (o nome do arraial fundado por Antônio Conselheiro) e “as práticas culturais populares que resistem às tentativas de apagamento, a fim de atualizar, contar e cantar o lugar em que se forma o silêncio, ecoando a luta contra a história oficial”, explica a sinopse da peça. 

Tudo isso em Caicó, com entrada franca. Tem ainda mais em Mossoró. A programação completa da semana pode ser conferida no Instagram: @bancodonordesteculturalmossoro. 

Serviço: BNB Cultural Mossoró em Caicó 

Quarta-feira, 10
20h –
 Gargalhada de Palhaço” Companhia Cultural Ciranduís (RN)
Local: Patamar da Igreja do Rosário, Praça Eduardo Gurgel, Centro

Dia 11, quinta-feira
17h – Exercícios para uma cena dialética, oficina do Coletivo de Teatro Alfenim (PB)
Local: Sede da Associação Cultural Trapiá, Rua Cícero Antônio da Silva, 357, Soledade

 
20h – “O balde, a flanela e a garrafa”, do grupo O Pessoal do Tarará (RN)
Local: Secretaria de Cultura de Caicó, Rua Eduardo Gurgel, 146, Centro 

Dia 12, sexta-feira
17h – “Aparecida”, com a Cia Escarcéu de Teatro (RN)
Local: Auditório do Sebrae Caicó, Rua General Dantas, 215, Centro 


20h – Espetáculo “1877”, da Trapiá Cia Teatral (RN)
Local: Secretaria de Cultura de Caicó, Rua Eduardo Gurgel, 146, Centro 

Dia 13, sábado
20h – “Notícias do Dilúvio Um canto a Canudos”, com a Cia Biruta de Teatro (PE)
Local: Secretaria de Cultura de Caicó, Rua Eduardo Gurgel, 146, Centro 

Ciranduís em ação na Praça da Matriz de Janduís, no interior potiguar, e a Trapiá Cia Teatral no espetáculo “1877” (Crédito das fotos: divulgação e Bruno Martins/divulgação)

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